Por Raphael Leal
Coordenador do Curso de Jornalismo Faculdade Canção Nova

Ninguém se comunica como o ser humano: dotado de inteligência, somos os únicos animais capacitados a, com o coração, comunicar. Mas, como seria esta tal comunicação?
O Papa Francisco intitulou sua 56a mensagem do dia Mundial das Comunicações Sociais com o tema: “Escutar com o ouvido do coração”. Pegando “emprestada” a reflexão, escrevo neste dia do Jornalista, o desejo de resgatar em você, a alegria de comunicar. Sim, a alegria de comunicar! Se envolver com o que escreve.

Infelizmente, neste momento pandêmico que atravessamos, lemos e escutamos realidades muito difíceis: o repentino aumento no número de infectados e mortos pela COVID-19, debates políticos, diversas visões e opiniões sobre a pandemia que dividiu a população mundial. Realidades negativas se multiplicaram nas manchetes dos meios de comunicação
fazendo com que a depressão se tornasse consequência destas comunicações.

Com o coração, comunicar, além de motivar a doar sempre o melhor que possuímos, é, enfim, cultivar o que a humanidade tem de melhor: o coração. Com o coração, olhar; com o coração, sorrir; com coração, estender a mão; com o coração, extrair e proclamar o que o outro tem de melhor; com o coração, agir.

Zygmunt Bauman, em sua modernidade líquida (1999), analisa a sociedade como “fluída”, sem compromisso, sem laços (os laços humanos são cultivados na sociedade sólida) … quase, sem coração. O próprio autor, ressalta que quando a sociedade percebe o insucesso da liquidez, tende a voltar para o sólido. Mas, como o próprio título da pesquisa do autor polonês ressalta, a modernidade é cada vez mais líquida, moldável, sem estruturas … sem alicerces.

Neste mundo, alimentado ultimamente pela modernidade, o ser humano se torna mais individualista. A modernidade que contribuiu, também, para a globalização, paradoxalmente, dividiu o ser humano em seu próprio “eu”. E, através, de uma pandemia moderna, a individualidade foi potencializada e acelerada, graças, a tecnologia mais e mais evoluída.

Neste dia do jornalista, a melhor notícia é, com o coração, comunicar. A comunicação humana é sempre a vacina contra o individualismo e uma balsa para não morrer afogado neste mundo, cada vez mais, líquido.